Oxigenoterapia

Introdução
A oxigenoterapia é a administração de oxigênio em uma concentração maior do que a encontrada na atmosfera ambiental. Ao nível do mar, a concentração de oxigênio no ar ambiente é de 21%. Uma fração 30 a 50% de FiO2 é facilmente conseguida com uma taxa a partir de 2 l/min. de oxigênio.

O transporte de oxigênio para os tecidos depende de fatores tais como débito cárdico, conteúdo de oxigênio arterial, concentração de hemoglobina e demandas metabólicas. Esses fatores devem ser considerados quando a oxigenoterapia é considerada. Os pacientes que necessitam de níveis altos de FiO2 são tratados com pressão expiratória final positiva (PEEP) em baixas concentrações de O2, objetivando melhorar a oxigenação e a SaO2.

A indicação mais comum é a redução na pressão arterial de oxigênio, devido a trocas gasosas pulmonares anormais. A oxigenoterapia é utilizada em pacientes que apresentam hipoxia tecidual onde a pressão parcial de oxigênio está diminuída. O objetivo do tratamento é aumentar a PaO2 (pressão arterial parcial de oxigênio no sangue) e a SaO2 (saturação de oxiemoglobina arterial), aumentando dessa maneira a CaO2 (conteúdo do oxigênio arterial) e assegurando uma liberação adequada de oxigênio.

Respaldo Legal para Oxigenoterapia e a Ventilação Mecânica pelo Fisioterapeuta
A administração do oxigênio associado ou não a ventilação mecânica pelo fisioterapeuta com finalidade terapêutica está fundamentada legalmente na resolução COFFITO-8, Capítulo I, Disposições preliminares, lê-se:

Artigo Terceiro – Constituem atos privativos do fisioterapeuta prescrever, ministrar e supervisionar terapia física, que objetive preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridade de órgão, sistema ou função do corpo humano, por meio de:

I – Ação, isolada ou concomitante, de agente termoterápico ou crioterápico, hidroterápico, AEROTERÁPICO, fototerápico, eletroterápico ou sonidoterápico, determinando:

a) O objetivo da terapia e a programação para atingi-lo;

b) A fonte geradora do agente terapêutico, com a indicação de particularidades na utilização da mesma quando for o caso;

c) A região do corpo do cliente a ser submetida à ação do agente terapêutico;

d) A dosagem da frequência do número de sessões terapêuticas, com a indicação do período de tempo de duração de cada uma;

e) A técnica a ser utilizada.

Indicações da Oxigenoterapia
Dispnéia ou taquipnéia podem ser um dos primeiros indicadores da necessidade de oxigenoterapia. As alterações na frequência ou padrão respiratório podem resultar de hipoxemia ou hipóxia. A hipoxemia é uma diminuição na tensão do oxigênio no sangue arterial. 


É manifestada por alterações no estado mental e progride para comprometimento do julgamento, agitação, desorientação, confusão, letargia e coma, dispnéia, aumento da pressão arterial, alterações na frequência cardíaca, arritmias, cianose central (sinal tardio), diaforese (diaforese é a transpiração, suor excessivo) e extremidades frias. A hipoxemia geralmente leva à hipóxia. Hipóxia é uma diminuição do suprimento de oxigênio para os tecidos. A hipóxia, quando se agrava o bastante é fatal.

Os sinais e sintomas que indicam a necessidade de oxigênio podem depender de quão rápido essa necessidade se desenvolve. Com o desenvolvimento rápido da hipóxia, ocorrem alterações no sistema venoso central em razão de os altos centros neurológicos serem muito sensíveis à privação de oxigênio. O quadro clínico pode se assemelhar aquele da intoxicação alcoólica, no qual o paciente apresenta descoordenação e comprometimento do julgamento.

A hipóxia de longo prazo (como na DPOC) pode produzir fadiga, tonteira, apatia, desatenção e letargia. A necessidade de oxigênio é avaliada pela análise da gasometria arterial e, igualmente, pela oximetria de pulso, assim como pela evolução clínica.



Cautelas na Oxigenoterapia
A oxigenoterapia é administrada para elevar a pressão arterial de oxigênio (PaO2) a linha base normal do paciente, que varia de 60 a 95 mm Hg. Em termos de curva de dissociação de oxiemoglobina, a saturação está em torno de 80 a 90% com oxigênio, os valores elevados do fluxo de oxigênio inspirado (FiO2) acrescentam poucas quantidades significativas de oxigênio aos eritrócitos ou ao plasma. Em vez de ajudar, quantidades elevadas de oxigênio podem produzir efeitos tóxicos sobre os pulmões e sistema nervoso central, ou podem deprimir a ventilação.

Toxicidade pelo Oxigênio
A toxicidade pelo oxigênio pode acontecer quando uma concentração muito elevada de oxigênio (maior de 50%) por um período prolongado (mais ou menos 48 horas). A fisiopatologia da toxicidade pelo oxigênio não está completamente explicada, porém está relacionada à destruição e diminuição do surfactante, à formação da membrana hialina revestindo os pulmões e ao desenvolvimento de edema agudo de pulmão que não é de origem cárdica.

Os sinais e sintomas de toxicidade pelo oxigênio incluem angústia subesteral, parestesia, dispnéia, inquietação, fadiga, mal-estar, infiltrados alveolares evidentes ao Raio-X de tórax, redução do volume pulmonar, atelectasias, prejuízos na depuração mucociliar, efeitos vasosconstritores, lesões de SNC e até a cegueira em recém-nascidos. A prescrição correta é o melhor meio de prevenção para a toxicidade causada pelo oxigênio. Se for necessária uma alta concentração de oxigênio, é importante minimizar a duração da administração e reduzir o tempo de utilização.

DPOC e a Supressão da Ventilação
Em pacientes com DPOC e retenção crônica de dióxido de carbono (CO2), altos fluxos de oxigênio podem resultar em piora da hipercapnia (hipercapnia é o aumento de CO2 no sangue) devido à hipoventilação central e a alterações na relação V/Q, ventilação/perfusão.

Nos pacientes com DPOC, o estímulo para respiração é a diminuição do oxigênio no sangue em vez de uma elevação nos níveis de dióxido de carbono (CO2). Assim, a administração de alta concentração de oxigênio suprime o reflexo respiratório que tem sido mantido há muito pela baixa tensão crônica de oxigênio. A diminuição resultante na ventilação pulmonar pode causar um aumento progressivo na pressão arterial de dióxido de carbono (PaCO2), por fim levando à morte do paciente devido a narcose por dióxido de carbono e acidose. A hipoventilação induzida pelo oxigênio é preventiva, administrando o oxigênio em taxas de baixo fluxo (1 a 2 l/min.).

Respaldo Legal do Fisioterapeuta para a Solicitação de Exames Complementares
A solicitação de exames complementares incluindo os exames laboratoriais está assegurada legalmente pelas prerrogativas profissionais da categoria. No caso do fisioterapeuta podemos citar as resoluções 4 e 6 do Conselho Nacional de Educação (CNE), bem como as normas dos artigos 3º das resoluções COFFITO 80 e 81. Resoluções que asseguram as prerrogativas profissionais:

CNE nº 4/2002, artigo 5º
“A formação do Fisioterapeuta tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades específicas: (...) realizar consultas, avaliações e reavaliações do paciente colhendo dados, solicitando, executando e interpretando exames propedêuticos e complementares que permitam elaborar um diagnóstico cinético-funcional (...)”.

Resolução COFFITO 80, artigo 3º
“O Fisioterapeuta é profissional competente para buscar todas as informações que julgar necessárias no acompanhamento evolutivo do tratamento do paciente sob sua responsabilidade, (...) através da solicitação de laudos técnicos especializados. Bem como, os resultados dos exames complementares, a eles inerentes”.

Quando Há Resistência do Hospital, Laboratório ou Clínica Radiológica para a Solicitação e Aquisição dos Exames Complementares pelo profissional fisioterapeuta, o que fazer?
Deve-se denunciar a violação da prerrogativa profissional ao CREFITO da região, para que sejam adotadas as medidas cabíveis. É fundamental que o profissional, quando sofra essa ou qualquer outra violação em sua prerrogativa profissional, faça a denúncia, pois somente dessa maneira o CREFITO pode intervir e defender os interesses profissionais das categorias.

Sob o prisma estritamente Legal, tem-se que a legislação ordinária não regulamenta suficientemente as atividades características do exercício da Fisioterapia ou da Medicina. Ambos os respectivos Conselhos exercem tais atribuições, por delegação Legal, nos termos da Lei 3.268/57, que institui os Conselhos Federal e Regionais de Medicina, e da Lei 6.310/75, que institui os mesmos Conselhos relativos à Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

É elementar que não cabe ao Conselho Regional de Medicina dispor acerca do exercício da profissão dos fisioterapeutas e vice-versa, sendo nulas as disposições que contrariem as normas legais em evidência. Da mesma forma e no mesmo diapasão, o Conselho de Ética do Hospital, clínica radiológica ou empresa operadora de planos de saúde não pode sem violência às atribuições legalmente atribuídas aos Conselhos da área, regulamentar a atividade dos fisioterapeutas, instituindo limitações sem amparo legal e, principalmente, em detrimento dos pacientes e profissionais, com redobrada vênia das reconhecidas capacidade profissional e idoneidade ética e moral de seus cultos componentes.

Neurofisiologia Respiratória
Sabendo-se das importantes funções dos aparelhos respiratório e circulatório na manutenção das concentrações sangüíneas de CO2 e de O2 compreende-se que estes aparelhos precisem de centros para regulá-los e coordena-los nesta função.

No caso da respiração, os pulmões não têm um sistema autônomo de comando como o coração. Os músculos respiratórios não têm comando próprio, sendo controlados pelo sistema medular e pelo cérebro. Sabemos da existência de um centro no córtex que permite o controle voluntário da respiração, o qual sofre interrupções pelos reflexos nasais, pela alimentação, deglutição, defecação, fonação, canto, emoções, etc. Conhecemos ainda, no bulbo, os centros apneusticos e pneumotáxico e na medula os centros inferiores. Temos ainda os centros respiratórios periféricos carotídeos e aórticos.

Os centros bulbares, encarregados de manter o ritmo respiratório, sofrem ação central do CO2 através de receptores osmóticos que reagem às remoções de concentração de íons de hidrogênio nos tecidos locais. No bulbo também se encontram os centros reflexos inspiratórios e expiratórios, encarregados da insuflação e dessuflação alveolar. O centro apneustico parece ser a estação central para o reflexo de insuflação nasal.

O centro pneumotáxico funciona da seguinte forma: a inspiração envia impulsos que sobem do centro inspiratório bulbar ao centro pneumotáxico, onde se originam impulsos descendentes para excitar o centro expiratório e inibir o centro inspiratório. Os estímulos destes centros são levados aos centros medulares e transmitidos aos músculos inspiratórios pelos nervos raquidianos.

Existem pelo menos 12 reflexos originários dos receptores de vísceras abdominais, além de um reflexo de Hering & Breuer que interferem na regulação da respiração e que não têm importância prática no nosso estudo, no momento. Existem também quimiorreceptores aórticos e carotídeos, sensíveis à baixa tensão de O2 e à hipoxemia.

Gasometria
A gasometria arterial é capaz de medir diretamente e de forma precisa as pressões parciais de oxigênio e gás carbônico (PaO2 e PaCO2), sendo, assim, importante ferramenta para a avaliação das trocas gasosas. Além disso, a medida direta do pH e a determinação do íon bicarbonato (HCO3-) permitem, em conjunto com a análise da PaCO2, a identificação e a classificação dos distúrbios do equilíbrio ácido-base.

A gasometria arterial fornece a medida direta da pressão parcial de oxigênio (PaO2) e gás carbônico (CO2), que são resultados da função primordial do sistema respiratório, a gasometria arterial é importante teste de avaliação funcional deste sistema. Assim, ela deve ser realizada na suspeita de insuficiência respiratória, aguda ou crônica. Além da importância no diagnóstico da insuficiência respiratória, a gasometria permite, a partir da avaliação dos níveis dos gases arteriais, quantificar o problema e acompanhá-lo evolutivamente.

Na prática, a gasometria arterial, em geral, é solicitada quando há sinais e sintomas sugestivos de hipoxemia ou hipercapnia, os quais nem sempre são de fácil reconhecimento, pois são comuns a outras situações e nem sempre estão presentes, sobretudo nas fases iniciais (tabela abaixo). Ela também é realizada na monitoração de condições em que o risco de distúrbio nas trocas gasosas é sabidamente alto.



A possibilidade de avaliar o bicarbonato e o pH faz com que a gasometria esteja indicada na investigação de distúrbios metabólicos. Entretanto, não havendo suspeita de comprometimento das trocas gasosas, pode-se optar pela gasometria venosa, cuja coleta é menos invasiva e menos dolorosa.

Avaliação da oxigenação
A oxigenação é avaliada pela análise da PaO2. Como há uma tendência natural da PaO2 cair com o avançar da idade, existem fórmulas para estimar o seu valor nas diferentes faixas etárias. A seguir estão apresentadas duas das fórmulas mais utilizadas e igualmente corretas.




Quando a gasometria arterial é colhida com o paciente respirando ar ambiente (FIO2=21%), considera-se hipoxemia quando a PaO2 está abaixo do valor esperado para a idade, conforme as fórmulas descritas. A hipoxemia assume níveis importantes quando a PaO2 está abaixo de 60 mm Hg, pois, a partir daí, há redução da saturação da hemoglobina pelo oxigênio, com comprometimento da oxigenação tecidual.

Quando o paciente está recebendo alguma suplementação de oxigênio, seja em ventilação mecânica ou por cateter ou máscara de oxigênio, a análise isolada da PaO2 não é suficiente, sendo necessário o cálculo da relação PaO2/FIO2. A relação PaO2/FIO2 é a divisão da PaO2 obtida na gasometria arterial pela FIO2, em valores absolutos (ex: 21%=0,21), em que o paciente estava respirando quando foi colhida a amostra do sangue arterial. Quando o indivíduo está em ventilação mecânica, o valor da FIO2 é fornecido pelo aparelho; quando está recebendo oxigênio por máscara de Venturi, esse valor é estimado conforme o tipo de máscara e o fluxo utilizado e vem impresso na mesma.

Quando a suplementação de oxigênio é feita com cateter nasal ou máscaras comuns, a estimativa da FIO2 é muito pouco precisa. Nesses casos, em indivíduos adultos, assume-se que para cada litro de oxigênio a FIO2 é elevada em 0,03 a 0,04 (ex: a oferta de oxigênio a 3 l/min. com cateter nasal determina FIO2 de 30% a 33%, que representa 21% do ar ambiente acrescido de 9% a 12% da oferta suplementar.

A relação PaO2/FIO2 permite a avaliação da oxigenação em diferentes condições de oferta de oxigênio. Os valores normais e as gradações de anormalidade estão relacionados abaixo.

• PaO2/FIO2 > 400 mm Hg – normal;
• PaO2/FIO2 > 300- 400 mm Hg – déficit de oxigenação, mas ainda não em níveis convencionalmente estabelecidos de insuficiência respiratória;
• PaO2/FIO2 < 300 mm Hg – insuficiência respiratória;
• PaO2/FIO2 < 200 mm Hg – insuficiência respiratória grave.

Por ser de fácil obtenção e poder ser utilizada em diferentes condições de oferta de oxigênio, a PaO2/FIO2 é considerada hoje o melhor parâmetro de monitoração de oxigenação. Na vigência de hipoxemia, sua avaliação pode ser complementada pela medida da diferença alvéolo-arterial de oxigênio. A diferença alvéolo-arterial de oxigênio permite avaliar se há algum bloqueio à passagem de ar entre o alvéolo e o sangue arterial, situação em que ela está aumentada. 

Nesses casos, a hipoxemia está ocorrendo por alteração pulmonar, seja por comprometimento na relação ventilação-perfusão ou por defeito na difusão. Por outro lado, quando há hipoxemia e a diferença alvéolo-arterial de oxigênio está normal, significa que a causa da hipoxemia é hipoventilação, ou seja, o problema é extra-pulmonar. A diferença alvéolo-arterial de oxigênio (P(A-a)O2) é calculada com a seguinte fórmula:



Avaliação do gás carbônico
A pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial (PaCO2) é um marcador da ventilação alveolar. Como este gás se difunde facilmente através da membrana alvéolo-capilar, há uma correlação muito boa entre a ventilação alveolar, o nível de CO2 no alvéolo e, conseqüentemente, no sangue arterial (PaCO2). 

É importante lembrar, entretanto, que a ventilação alveolar é uma fração da ventilação total, que inclui ainda a ventilação do espaço morto (áreas do sistema respiratório que recebem ar, mas não sofrem trocas gasosas). Assim, a simples presença de freqüência respiratória e volume corrente normal não garantem a ventilação alveolar, sendo necessário não haver grande espaço morto.

O valor normal da PaCO2 varia entre 35 e 45 mm Hg. Ao contrário da PaO2, ele não varia com a fração inspirada de oxigênio. Valores inferiores a 35 mm Hg indicam hiperventilação e valores acima de 45 mm Hg, hipoventilação alveolar, que pode ser por hipoventilação global (redução da freqüência respiratória e/ou do volume corrente) ou aumento do espaço-morto.

Avaliação do equilíbrio ácido-base
Diariamente, uma quantidade significativa de ácido é gerada a partir do metabolismo. Para se conseguir o equilíbrio ácido-base, é necessário o funcionamento normal dos pulmões e rins, eliminando, respectivamente, gás carbônico e hidrogênio. Esses sistemas constituem os componentes respiratório e metabólico do equilíbrio ácido-base, no qual o pH é inversamente proporcional aos níveis de gás carbônico e diretamente proporcional aos de bicarbonato. Os valores normais destes componentes estão ilustrados na tabela abaixo.





Com esses princípios, devemos ter em mente as seguintes possibilidades:
• Acidose: condição que tende a reduzir o pH do líquido extracelular,
• Acidose metabólica: condição associada à redução do pH e do bicarbonato,
• Acidose respiratória: condição associada à redução do pH e elevação do gás carbônico,
• Alcalose: condição que tende a elevar o pH do líquido extracelular,
• Alcalose metabólica: condição associada à elevação do pH e do bicarbonato,
• Alcalose respiratória: condição associada à elevação do pH e redução do gás carbônico

Entretanto, no dia-a-dia, os distúrbios ácido-base geralmente não se apresentam de forma isolada; na maioria das vezes, o organismo lança mão de mecanismos de compensação. Há ainda a possibilidade de distúrbios mistos, nos quais gás carbônico e bicarbonato encontram-se alterados na mesma direção (acidose ou alcalose). Assim, para a correta caracterização do distúrbio ácido-base, recomenda-se seguir os seguintes passos, sempre a partir da análise da PaCO2: 

PaCO2 elevada (Hipoventilação):
• O pH baixo (<7,35): para cada elevação de 20 mm Hg acima do normal na PaCO2, o pH cai 0,1. A proporção adequada entre a elevação da PaCO2 e a queda do pH sugere acidose respiratória aguda. Se a redução do pH é desproporcionalmente maior à elevação do gás carbônico, deve haver um componente metabólico associado (acidose mista). Por outro lado, se a redução é proporcionalmente menor, deve haver alguma compensação metabólica da acidose. As compensações agudas geralmente cursam com elevações de 1 mEq/L de bicarbonato para cada 10 mm Hg de elevação da PaCO2, enquanto nas crônicas (após 3-5 dias) a proporção é de 3,5 mEq/L para cada 10 mm Hg.

• O pH normal: na maioria das vezes decorre de hipoventilação crônica, com compensação metabólica completa. Outra possibilidade é a hipoventilação para compensar uma alcalose metabólica primária (menos comum, porque nestes casos geralmente a compensação não é completa e o pH mantém-se na faixa de alcalose)

PaCO2 baixa (Hiperventilação):
• O pH elevado (>7,45): para cada redução de 10 mmHg na PaCO2, espera-se uma elevação de 0,1 no pH. A presença de elevação proporcional do pH em relação à redução da PaCO2 sugere hiperventilação alveolar aguda, com alcalose respiratória descompensada. Quando a elevação do pH é proporcionalmente menor, provavelmente já está ocorrendo compensação renal, que raramente se faz de forma completa (o pH geralmente se mantém entre 7,46 e 7,50).

• O pH normal: habitualmente indica uma acidose metabólica primária com compensação respiratória suficiente para normalizar o pH. A compensação respiratória resulta em queda de 1,2 mmHg na PaCO2 para cada redução de 1 mEq/L np bicarbonato. Eventualmente, com o pH no limite superior da normalidade, pode-se tratar de uma compensação metabólica da alcalose respiratória, mas, como já foi comentado, habitualmente não há essa compensação completa.

• O pH baixo (<7,35): a presença de hiperventilação e pH menor que 7,35 geralmente indica acidose metabólica mais intensa, com incapacidade do sistema respiratório de compensá-la totalmente.

PaCO2 Normal
• O pH normal: estado normal do equilíbrio ácido-base

• O pH elevado (>7,45): se a PaO2 estiver normal, provavelmente trata-se de alcalose metabólica à qual não houve resposta do sistema respiratório. Entretanto, na vigência de hipoxemia associada, geralmente trata-se de pacientes retentores crônicos de gás carbônico (acidose respiratória crônica compensada), que temporariamente aumentaram sua ventilação (ex. paciente com DPOC grave que desenvolveu embolia pulmonar).

• O pH baixo (<7,35): acidose metabólica sem compensação respiratória. Não é comum, pois a sistema respiratório é particularmente sensível às redução da PaCO2.


Métodos de Administração de Oxigênio

O oxigênio quando utilizado em taxas de alto fluxo necessita ser umidificado para evitar ressecamento das membranas mucosas do trato respiratório. A quantidade de oxigênio administrada é expressa como uma porcentagem de concentração (exemplo 30%). A forma apropriada de oxigenoterapia é melhor determinada pelos níveis da gasometria que determina a real necessidade de oxigênio




A cânula nasal é utilizada quando o paciente necessita de baixa a média concentração de oxigênio para qual a precisão não é essencial. As taxas de fluxo que excedem 6 a 8 l/min. Podem levar a deglutição de ar, isso pode provocar irritação e ressecamento da mucosa nasal e faríngea.

A máscara de Venturi é o método mais confiável e preciso para administração de oxigênio por meios não-invasivos. Ela é utilizada basicamente para pacientes com DPOC porque pode proporcionar baixos níveis de oxigênio suplementar, evitando assim o risco de supressão do reflexo da hipóxia. A máscara de Venturi utiliza o princípio do carreamento de ar (aprisionamento de ar semelhante ao vácuo), o que proporciona um alto fluxo de ar com um enriquecimento controlado do oxigênio. O gás em excesso deixa a máscara através do orifício do balão, levando consigo o dióxido de carbono exalado. Cuidar para não deixar o fluxo ir em direção aos olhos.

Conclusão
A Oxigenoterapia e o Suporte Ventilatório objetivam o suporte básico de vida, assim como a promoção, manutenção e restauração da função e sistemas do corpo. Se para a manutenção da vida humana é necessário a manutenção das FUNÇÕES DOS ÓRGÃOS E SISTEMAS DO CORPO, o fisioterapeuta tem respaldo legal suficiente para tal atuação. A essência da fisioterapia é a função e onde há função envolvida há fisioterapia. Para a manutenção da vida e consecutivamente das funções vitais é necessária atuação multiprofissional, impossível separar VIDA E FUNÇÃO, porque uma depende da outra. A ação do fisioterapeuta na manutenção básica da vida respalda-se na função dos sistemas e órgãos do corpo humano.

Referências
AZEREDO, C. A. C. Fisioterapia Respiratória Moderna. 4ed. Ampliada e revisada: Manole, São Paulo, 2002.

BRUNNER, Lilian Sholtes; SUDDARTH, Doirs Smith. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 9. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, v.1.

COSTA, Dirceu. Fisioterapia respiratória básica. São Paulo: Atheneu, 1999.

Gammon RB. Measurement of arterial blood gases and arterial catheterization in adults. In. Rose DB, Rush JM. Up to date, 2005.Hanning CD, Alexander-Williams JM. Pulse oximetry. A pratical review. BMJ 1995;311:367-370.

Gasometria 1 e 2. Disponível em: http://www.pneumoatual.com.br/

MEINERT, John. Apostila de Fisioterapia Aplicada a Pneumologia: Fisioterapia Respiratória Pneumofuncional, Joinville, SC. Associação Catarinense de Ensino- ACE, 2007. In memoriam.

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, parabéns

Terapia do Movimento disse...

Quer saber mais sobre oxigenoterapia? Então assista videos sobre o tema no blog em: http://terapiadomovimento.blogspot.com/2010/11/oxigenoterapia-em-3-videos.html

Carina Cariñosa disse...

El oxígeno, un gas que se encuentra en el aire que respiramos, es necesario para la vida humana. Algunas personas con trastornos de la respiración no pueden obtener suficiente oxígeno natural. Ellos pueden necesitar oxígeno suplementario o la terapia de oxígeno. Las personas que reciben terapia de oxígeno a menudo ven mejorados niveles de energía, mejora del sueño, y una mejor calidad de vida en general.

Paulo Douglas disse...

qual dessas referências traz aquelas fórmulas de PaO2 ideal?

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